Como será o mundo daqui a 10 anos?
27 Setembro 2020
Acordo.
Mais uma vez esta porcaria de sensores vitais e mentais está a dar cabo do meu dedo. Bem podia tirar o revestimento mecanizado do meu mindinho, mas vou precisar de anotar os meus pensamentos hoje…
Levanto-me. Como sempre o chão cria um caminho luminoso até à cozinha, onde me espera um pequeno-almoço feito por máquinas. Máquinas em todo o lado. Até as janelas são máquinas, painéis televisivos que simulam um céu semelhante ao real. Não há espaço para janelas… população a mais.
Como.
Visto-me. Tenho de arranjar cores novas para a minha vestimenta. Não comprei um fato de fibra óptica de gama RGB em vão.
É impressionante, isto lembra-me cada vez mais o jogo com que a Isolda se entretia há 10 anos (Sims, creio que se chamava). Isso põe até em causa o conceito de liberdade. Estaremos a ser controlados com estes mecanismos todos? Bem, como ainda ninguém se queixou do meu diário de pensamentos, não deve haver grande problema por enquanto. Irónico, isso lembra-me também o livro de Orwell que li outrora, “1984”. 36 anos atrasado, nesse caso.
Eish! Pois é! Era hoje que tinha de ler aquele documento… Hm, leio-o depois.
Hoje não tenho muito trabalho, apenas a edição de uma curta-metragem feita ontem em 3D. Isto do cinema anda tão underground agora…
Portanto aproveito a manhã para passear. Já ninguém faz isso. Aliás, já ninguém sai de casa. Só quem quer sai, só quem quer se move, só quem quer é saudável, o que é absurdo pois os reclames continuam os mesmo de sempre: pessoas magras e altas. Como se isso ainda existisse…
As cidades lembram-me hospitais. Tudo tão limpo (livra, se alguém poluísse era multado), unicolor e brilhante, dividido tudo por cores, dependendo do estado de espírito das pessoas pretendido para cada zona da cidade.
Chego a casa e como algo plantado numa estufa no outro lado do planeta. Com este sol não dá para plantar nada ao ar livre. Ainda bem que se lembraram de salvar os vegetais do sol.
Lembro-me da minha família. Há muito que não os vejo… a Constança já está no 2º ano na faculdade, e a Isolda já começa a trabalhar… Vou-lhes mandar um holograma.
Passo a tarde a trabalhar. Não janto, não tenho fome, não tenho sono.
Vou mas é ler o documento de vez. Depois disso já tenho todos os pensamentos importantes do dia anotados, não preciso de usar o dedo mecânico mais, hoje.
O documento deve estar algures no meu velho Toshiba. Há anos que não trabalhava num teclado palpável. Hm, cá está! “Documento1”, que desorganizada que era, nem me dei ao trabalho de baptizar correctamente o documento! Nem me lembro porque tinha de ler este documento… Ah, ok já percebi. Isto vai dar algumas gargalhadas…
Deparo-me com a pergunta que ingenuamente me fiz aos 16 anos, no âmbito de uma actividade criativa e imaginativa das aulas de Multimédia: “Como será o mundo daqui a 10 anos?”, ou seja, como é o mundo agora? A minha previsão também está um tanto ou quanto cómica. Lembro-me que nesse dia estava sem imaginação nenhuma e que detestei o texto que escrevi.
Bem, querida eu, o mundo não sofreu muitas alterações. Talvez fosse mais interessante perguntares-te como será o mundo daqui a 20 anos, em 2030, talvez ai já hajam alterações suficientes para te espantares. Mas isto nem está tão retardado. A partir de 2015 começou uma disputa internacional face à tecnologia. Em 5 anos as cidades cresceram drasticamente, e com elas tudo o mais.
Moras em Estocolmo agora, como sempre quiseste. Os carros estão a ser banalizados depois de finalmente perceberem que era mau para o ambiente. Perguntas-te sobre os carros eléctricos? Não estão a ter grande fama, especialmente depois de decidirem instalar sistema férreo em todas as ruas e estradas.
A camada de ozono acabou por ceder e agora está no seu auge de fraqueza, pondo o planeta todo vulnerável a tudo o que possa acontecer exteriormente. Por isso é proibido poluir, e todos utilizam equipamento necessário para a protecção ao sol. As casas são todas fechadas, iluminadas apenas com luz artificial. Todos usam óculos de sol, daqueles enormes que o Willy Wonka usava, parecem todo moscas, e usam de tal forma tanto protector solar que são todos brancos, se bem que está agora a entrar na moda protectores solares de diferentes cores.
Não precisas de acreditar nisto. É só esperares e veres.
27 Setembro 2020
Acordo.
Mais uma vez esta porcaria de sensores vitais e mentais está a dar cabo do meu dedo. Bem podia tirar o revestimento mecanizado do meu mindinho, mas vou precisar de anotar os meus pensamentos hoje…
Levanto-me. Como sempre o chão cria um caminho luminoso até à cozinha, onde me espera um pequeno-almoço feito por máquinas. Máquinas em todo o lado. Até as janelas são máquinas, painéis televisivos que simulam um céu semelhante ao real. Não há espaço para janelas… população a mais.
Como.
Visto-me. Tenho de arranjar cores novas para a minha vestimenta. Não comprei um fato de fibra óptica de gama RGB em vão.
É impressionante, isto lembra-me cada vez mais o jogo com que a Isolda se entretia há 10 anos (Sims, creio que se chamava). Isso põe até em causa o conceito de liberdade. Estaremos a ser controlados com estes mecanismos todos? Bem, como ainda ninguém se queixou do meu diário de pensamentos, não deve haver grande problema por enquanto. Irónico, isso lembra-me também o livro de Orwell que li outrora, “1984”. 36 anos atrasado, nesse caso.
Eish! Pois é! Era hoje que tinha de ler aquele documento… Hm, leio-o depois.
Hoje não tenho muito trabalho, apenas a edição de uma curta-metragem feita ontem em 3D. Isto do cinema anda tão underground agora…
Portanto aproveito a manhã para passear. Já ninguém faz isso. Aliás, já ninguém sai de casa. Só quem quer sai, só quem quer se move, só quem quer é saudável, o que é absurdo pois os reclames continuam os mesmo de sempre: pessoas magras e altas. Como se isso ainda existisse…
As cidades lembram-me hospitais. Tudo tão limpo (livra, se alguém poluísse era multado), unicolor e brilhante, dividido tudo por cores, dependendo do estado de espírito das pessoas pretendido para cada zona da cidade.
Chego a casa e como algo plantado numa estufa no outro lado do planeta. Com este sol não dá para plantar nada ao ar livre. Ainda bem que se lembraram de salvar os vegetais do sol.
Lembro-me da minha família. Há muito que não os vejo… a Constança já está no 2º ano na faculdade, e a Isolda já começa a trabalhar… Vou-lhes mandar um holograma.
Passo a tarde a trabalhar. Não janto, não tenho fome, não tenho sono.
Vou mas é ler o documento de vez. Depois disso já tenho todos os pensamentos importantes do dia anotados, não preciso de usar o dedo mecânico mais, hoje.
O documento deve estar algures no meu velho Toshiba. Há anos que não trabalhava num teclado palpável. Hm, cá está! “Documento1”, que desorganizada que era, nem me dei ao trabalho de baptizar correctamente o documento! Nem me lembro porque tinha de ler este documento… Ah, ok já percebi. Isto vai dar algumas gargalhadas…
Deparo-me com a pergunta que ingenuamente me fiz aos 16 anos, no âmbito de uma actividade criativa e imaginativa das aulas de Multimédia: “Como será o mundo daqui a 10 anos?”, ou seja, como é o mundo agora? A minha previsão também está um tanto ou quanto cómica. Lembro-me que nesse dia estava sem imaginação nenhuma e que detestei o texto que escrevi.
Bem, querida eu, o mundo não sofreu muitas alterações. Talvez fosse mais interessante perguntares-te como será o mundo daqui a 20 anos, em 2030, talvez ai já hajam alterações suficientes para te espantares. Mas isto nem está tão retardado. A partir de 2015 começou uma disputa internacional face à tecnologia. Em 5 anos as cidades cresceram drasticamente, e com elas tudo o mais.
Moras em Estocolmo agora, como sempre quiseste. Os carros estão a ser banalizados depois de finalmente perceberem que era mau para o ambiente. Perguntas-te sobre os carros eléctricos? Não estão a ter grande fama, especialmente depois de decidirem instalar sistema férreo em todas as ruas e estradas.
A camada de ozono acabou por ceder e agora está no seu auge de fraqueza, pondo o planeta todo vulnerável a tudo o que possa acontecer exteriormente. Por isso é proibido poluir, e todos utilizam equipamento necessário para a protecção ao sol. As casas são todas fechadas, iluminadas apenas com luz artificial. Todos usam óculos de sol, daqueles enormes que o Willy Wonka usava, parecem todo moscas, e usam de tal forma tanto protector solar que são todos brancos, se bem que está agora a entrar na moda protectores solares de diferentes cores.
Não precisas de acreditar nisto. É só esperares e veres.
